BÖN
Apesar das diferentes escolas do budismo tibetano tornarem-se cada vez mais conhecidas (sobretudo a partir do exílio forçado dos tibetanos no ano de 1959), a ancestral tradição do BÖN continua sendo um sistema tão mal compreendido, quanto desconhecido, um fato que até mesmo a história oficial budista tibetana ou os especialistas ocidentais souberam tratar. Atualmente, esta situação tem-se modificado, sobretudo a partir de 1986, quando o BÖN foi reconhecido oficialmente pelo atual décimo-quarto Dalai Lama, como uma das cinco principais escolas do budismo tibetano. Ele salientou também a importância desta peculiar tradição milenar, para compreendermos o surgimento da cultura e da espiritualidade no País das Neves (Tibete)
Comumente se faz referência à tradição BÖN como um mero conjunto de práticas e rituais xamânicos primitivos, relacionados com sacrifícios de sangue, inclusive de magia negra. Seguindo a tendência imperante entre os historiadores medievais tibetanos, alguns estudiosos ocidentais do início do século XX equipararam o BÖN ao xamanismo primitivo. Diante destas opiniões pouco fundamentadas, Löpon Tenzin Namdak Rinpoche, o mestre BÖN e o especialista vivo mais importante da atualidade, explica a evolução da sua escola ao longo de três períodos perfeitamente diferenciados:
1. O BÖN PRIMITIVO que corresponde mais ou menos ao xamanismo da Àsia Central e que representa a cultura religiosa tibetana antes da chegada do Yungdrung BÖN, procedente dos reinos perdidos de Tazig e Zhangzhung.
2. O BÖN ANTIGO ou YUNGDRUNG BÖN, o Sendeiro espiritual que conduz à liberação e à iluminação, ensinado pelo Buda Tönpa Shenrab em Tazig e que, posteriormente, se expandiu até o antigo reino de Zhangzhung, situado no oeste do Tibete.
3. O NOVO BÖN que aparece em época tão recente como o século XV e constitui uma mistura de elementos budistas e BÖNs.
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ALGUNS ENSINAMENTOS BÖN SOBRE O DZOGCHEN
As três aplicações, dos três votos e os três relaxamentos
Tomando o voto de não mover o corpo, relaxamos na imobilidade.
Tomando o voto de não ativar a palavra, relaxamos no silêncio.
Tomando o voto de não mover os pensamentos, relaxamos no estado que está mais além do pensamento.
As três imobilidades
Quando o corpo não se move, os canais sutis permanecem imóveis.
Quando os canais não se movem, os olhos permanecem imóveis.
Quando os olhos não se movem, a mente permanece no Estado Natural.
Portanto devemos vigiar os olhos, pois o ponto principal reside na forma de olhar.
As três instruções diretas
Não seguir o passado.
Não projetar o futuro.
Permanecer naturalmente na Base.
Os três abandonos e os três não-seguimentos
Abandonar as coisas, sem esforço mental.
Abandoná-las, tal como são no vasto estado natural.
Abandoná-las sem tentar modificá-las, nem transformá-las.
Externamente, não analisar os objetos de maneira dualística.
Internamente, não imputar nenhuma crítica nem etiqueta conceitual.
Sem seguir os pensamentos relativos ao passado ou ao futuro, transcender o domínio da mente.
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